domingo, 20 de outubro de 2013

ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL

Por estratificação social entendemos a distribuição de pessoas e grupos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade. Essa distribuição se dá pela posição social dos indivíduos, das atividades que eles exercem e dos papéis que desempenham na estrutura social.
Podemos dizer que, em certas sociedades, as pessoas a elas pertencentes estão distribuídas entre as camadas alta (classe A), média (classe B) ou inferior (classe C), que correspondem a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio.
Podemos ressaltar desde já que estratificação social não é sinônimo de desigualdade social.
São tipos de estratificação:
Estratificação Econômica: definida pela posse de bens materiais, cuja distribuição pouco equitativa faz com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária.
Estratificação Política: estabelecida pela posição de mando na sociedade (grupos que têm poder e grupos que não têm). Geralmente, as pessoas mais ricas detêm também mais poder.
Estratificação Profissional: baseada nos diferentes graus de importância a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade a profissão de médico é muito mais valorizada do que a de pedreiro.
SOCIEDADES ESTRATIFICADAS
O sistema de castas
Nesse tipo de sociedade não há mobilidade social. A posição social é atribuída ao indivíduo por ocasião do nascimento, independentemente de sua vontade. A pessoa carrega consigo, pelo resta da vida, esse status social herdado de seus ancestrais.
As castas são grupos fechados, cujos integrantes devem se comportar de acordo com normas preestabelecidas de origem religiosa. Em certas regiões da Índia o casamento só é permitido entre pessoas da mesma casta.
Pode-se esquematizar a estratificação social indiana por meio da seguinte hierarquia, que apresenta apenas as castas principais, já que existem na Índia mais de 2 mil castas:
BRÂMANES: são os sacerdotes da religião hinduísta e os mestres da erudição sacra. Segundo sua crença, a eles compete preservar a ordem social, estabelecida por orientação divina.
XÁTRIAS: são os guerreiros que formam a aristocracia militar.
VAIXÁS: é formada pelos comerciantes, artesãos e camponeses.
SUDRAS: formam a base da pirâmide. Eles executam trabalhos manuais e diversas tarefas servis. São uma casta depreciada, tendo o dever de servir as três castas “superiores”.
Fora do sistema de castas estão os párias, também chamados de intocáveis. Eles são desprovidos de direitos e não tem profissão definida. São eles que executam as tarefas consideradas “sujas”, como coletar o lixo, limpar fossas e lavar cadáveres. Os párias não podem banhar-se nas águas sagradas do Rio Ganges, nem ler os Vedas, que são os livros sagrados dos hindus.
Apesar de a Constituição indiana ter abolido o sistema de castas há mais de 50 anos, a divisão social baseada nas crenças do hinduísmo ainda persiste na Índia, que tem hoje mais de 2 mil castas e 20 mil subcastas. Mesmo assim, na segunda metade do século XX, reformas sociais e mudanças na economia da Índia, impulsionadas pela industrialização, começaram a romper o sistema de divisão em castas. Assim, nos grandes centros urbanos do país, como Nova Délhi, Bombaim e Calcutá, a abolição do sistema vem ocorrendo gradativamente. Entretanto, ele ainda perdura na maior parte da Índia rural.
A sociedade estamental
O grande exemplo de sociedade estratificada em estamentos foi o modo de produção feudal, vigente na Idade Média. Para o sociólogo alemão Max Weber, o conceito de estamento está ligado a certos valores, como honra e prestígio social, que por sua vez expressam determinados estilos de vida.
O estamento é uma camada social semifechada. A posição social de uma pessoa nesse regime também lhe é atribuída desde o nascimento. Na sociedade estamental, a mobilidade social é difícil, mas não impossível, ao contrário do que ocorre na sociedade estratificada de castas.
Na sociedade feudal, a ascensão era possível. Por exemplo: os servos poderiam ser emancipados por seus senhores; o rei poderia conferir um título de nobreza a um homem do povo; a filha de um comerciante poderia se casar com um nobre, etc.
A pirâmide feudal era assim hierarquizada: nobreza e alto clero, comerciantes, artesãos, camponeses livres e baixo clero, servos.
A sociedade de classes
Marx dizia que a história da humanidade é “a história da luta de classes”. As classes sociais eram para Marx a burguesia e o proletariado. Ainda, para esse filósofo, os conflitos constituem o principal fator de mudança social.
Por outro lado, as classes sociais mudam ao longo do tempo, conforme as circunstâncias econômicas, políticas e sociais. As contradições que mantêm entre si forjam e estruturam a própria sociedade. Quando os conflitos chegam a um ponto insuportável, ocorre uma revolução que transforma a sociedade, modificando o modo de produção.
No sistema de classes há grande mobilidade social. As pessoas que integram o estrato de baixa renda (classe C), podem eventualmente ascender ao estrato de renda média (classe B) ou, mais raramente, ao de alta renda (classe A), como ocorreu com o empresário Sílvio Santos.
A mobilidade social pode ser vertical ou horizontal. A vertical varia de acordo com a renda. O sujeito sofre ascensão social quando melhora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo econômico superior. Por outro lado, se a posição do indivíduo piora economicamente (perda do emprego, perda de um cargo importante, falência de uma empresa), há queda social.
Quando a pessoa experimenta alguma mudança de posição social, mas que, apesar disso, permanece no mesmo estrato social (mesma classe), então a mobilidade é chamada de horizontal. É o caso da família que se muda do interior para a capital e passa a conhecer novos serviços, nova cultura, novos lugares, mas continua pertencendo à classe C, por exemplo, pois possui a mesma renda.