quinta-feira, 29 de março de 2012

Aula 6 (2º ano/ Filosofia)


Ética ou filosofia moral
 - éthos = costume / mos, moris = moral;
 - Ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros;
 - A filosofia moral ou ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes;
 - Segundo senti do da palavra éthos: caráter, índole natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa;
Sócrates inaugura a ética
 - Dirigindo-se aos atenienses, Sócrates lhes perguntava qual o sentido dos costumes estabelecidos, mas também indagava quais as disposições do caráter que levavam alguém a respeitar ou a transgredir os valores da cidade, e por quê;
 -  Ao indagar o que são a virtude e o bem, Sócrates realiza, na verdade, duas interrogações. Por um lado, interroga a sociedade para saber se o que ela costuma considerar virtuoso e bom corresponde efetivamente à virtude e ao bem; e, por outro lado, interroga os indivíduos para saber se, ao agir, possuem efetivamente consciência do significado e da finalidade de suas ações, se seu caráter ou sua índole são virtuosos e bons realmente. A indagação socrática dirige-se, portanto, à sociedade e ao indivíduo;
 - É sujeito ético ou moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação.
Aristóteles e a práxis
 - Saber teorético ou contemplativo é o conhecimento de seres e fatos que existem e agem independentemente de nós e sem nossa intervenção ou interferência, isto é, de seres e fatos naturais e divinos;
 - Saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como consequência de nossa ação e, portanto, depende de nós;
       Práxis: o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis ou idênticos, pois o agente, o que ele faz e a finalidade de sua ação são o mesmo;
       Técnica: o agente, a ação e a finalidade da ação são diferentes e estão separados, sendo independentes uns dos outros.
Deliberação e decisão
 - Não deliberamos e não decidimos sobre o necessário, deliberamos e decidimos sobre o possível;
 - Prudência ou sabedoria prática: o prudente é aquele que em todas as situações é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética;
 - Ética à Nicômaco: distinção dos vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação
Resumidamente, eis o quadro aristotélico:
Virtude
Vício por excesso
Vício por deficiência
Coragem
Temeridade
Covardia
Temperança
Libertinagem
Insensibilidade
Prodigalidade
Esbanjamento
Avareza
Magnificência
Vulgaridade
Vileza
Respeito próprio
Vaidade
Modéstia
Prudência
Ambição
Moleza
Gentileza
Irascibilidade
Indiferença
Veracidade
Orgulho
Descrédito próprio
Agudeza de espírito
Zombaria
Rusticidade
Amizade
Condescendência
Enfado
Justa indignação
Inveja
Malevolência

domingo, 25 de março de 2012

Aula 6 (1º ano/Filosofia)


Condições históricas para o surgimento da filosofia
- As viagens marítimas: produziram o desencantamento ou a desmitificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem – explicação que o mito não podia mais oferecer;
 - A invenção do calendário: percepção do tempo como algo natural, e não como uma força divina incompreensível;
 - A invenção da moeda: nova capacidade de abstração e generalização;
 - O surgimento da vida urbana: prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos;
 - A invenção da escrita alfabética: oferece um sinal ou signo abstrato (uma palavra);
A invenção da política
                1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma  coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas;
                2. O surgimento de um espaço público;
                3. A ideia de discussão pública das opiniões e ideias
O legado da filosofia grega para o Ocidente europeu
- Tendência à racionalidade: a razão humana ou o pensamento é a condição de todo conhecimento verdadeiro;
 - Recusa de explicações preestabelecidas: exigência de que para cada fato seja encontrada uma explicação racional;
 - Tendência à argumentação e ao debate: oferecer respostas conclusivas às questões, dificuldades e problemas;
 - Capacidade de generalização: mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes ou para muitos fatos diversos. Essa capacidade racional é a síntese;
 - Capacidade de diferenciação: mostrar que fatos ou coisas que aparecem como iguais ou semelhantes são, na verdade, diferentes, quando examinados pela razão. Essa capacidade racional é a análise.
Principais contribuições do legado filosófico grego
 - A ideia de que o conhecimento verdadeiro deve encontrar as leis e os princípios universais e necessários do objeto conhecido e deve demonstrar sua verdade por meio de provas ou argumentos racionais;
 - A ideia de que a natureza segue uma ordem necessária, e não casual ou acidental;
 - A ideia de que as leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento;
 - A ideia de que a razão também opera obedecendo a princípios, leis, regras e normas universais e necessários, com os quais podemos distinguir o verdadeiro do falso;
 - A ideia de que as práticas humanas dependem da vontade livre, da deliberação e da discussão, de uma escolha emocional ou racional, de nossas preferências e opiniões;
- A ideia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários porque obedecem a leis (da natureza humana) não exclui a compreensão de que esses acontecimentos, em certas circunstâncias e sob certas condições, também podem ser acidentais;
 - A ideia de que os seres humanos naturalmente aspiram ao conhecimento verdadeiro (porque são seres racionais), à justiça (porque são seres dotados de vontade livre) e à felicidade (porque são seres dotados de emoções e desejos).

sexta-feira, 16 de março de 2012

Aula 5 - (2º ano/Filosofia)


Ética e violência
 - Violência: exercício da força física e coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma coisa contrária aos seus interesses e desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência, causando-lhe danos profundos e irreparáveis como a morte, a loucura, a autoagressão ou a agressão aos outros;
 - Assassinato, tortura, injustiça, mentira, estupro, calúnia, má-fé, roubo: são considerados violência, imoralidade e crime;
 - Profanação das coisas vistas como sagradas e a discriminação social e política de pessoas por causa de suas crenças;
 - Os valores éticos se oferecem como expressão e garantia de nossa condição de seres humanos ou de sujeitos racionais e agentes livres, proibindo moralmente a violência;
 - A ética é normativa uma vez que suas normas determinam permissões e proibições e visam impor limites e controles ao risco permanente da violência
Os constituintes do campo ético
 - Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre o certo e o errado, bem e mal, permitido e proibido, virtude e vício;
 - A consciência moral manifesta-se na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação;
 - O campo ético é constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes. Estas são realizadas pelo sujeito moral, principal constituinte da existência ética
O agente moral
 - Ser consciente de si e dos outros;
 - Ser dotado de vontade;
 - Ser responsável;
 - Ser livre;
 - Diferença entre passividade e atividade
Os valores ou fins éticos
 - A cultura de uma sociedade;
 - Virtude e vício
Os meios morais
 - Os fins justificam os meios?
 - No caso da ética nem todos os meios são justificáveis, mas apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Fins éticos exigem meios éticos

Aula 5 - (1º ano/Filosofia)


A origem da filosofia
A palavra filosofia
 - Origem: Philía; Sophía
 - O filósofo é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, as pessoas, os acontecimentos, a vida em resumo, pelo desejo de saber;
 - Utilização da razão para a compreensão do mundo.
O que perguntavam os primeiros filósofos
O nascimento da filosofia
 - Segundo Tales de Mileto a filosofia surge com um conteúdo preciso: é a cosmologia (nasce como conhecimento racional da ordem do mundo e da natureza;
 - Nasce com contribuições da sabedoria oriental
* Com relação aos mitos: humanização dos deuses, divinização do homem, racionalidade às narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas;
 * Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto é, num conhecimento racional, abstrato e universal) o que era elemento de uma sabedoria prática para o uso direto da vida;
 * Com relação à organização social e política: os gregos inventaram a política (“cidade organizada por leis e instituições”);
 * Com relação ao pensamento: os gregos inventaram a ideia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue necessariamente regras, normas e leis universais.
Mito e filosofia
 - O mito narra a origem do mundo e de tudo o que existe nele de três maneiras principais:
                * tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais (origem dos titãs e heróis);
                * encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo (Tróia);
                * encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes desobedece ou a quem lhes obedece (caixa de Pandora)
Cosmogonia e teogonia
 - Cosmogonia: narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras divinas;
 - Teogonia: narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados.

sábado, 10 de março de 2012

Aula 4 - (1º ano/Filosofia)

A reflexão filosófica
 - É o pensamento interrogando-se a si mesmo ou pensando em si mesmo;
 - é a concentração mental em que o pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e avaliar suas ideias e vontades;
 - é radical, pois vai à raiz do pensamento;
 - três grandes conjunto de questões:
                * Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos?
                * O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos?
                * Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos?
 - A reflexão filosófica se dirige ao pensamento, à linguagem e à ação.
Filosofia: um pensamento sistemático
 - Sistema x achismo;
 - a filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidos por demonstração e prova;
 - “Esta é a minha filosofia”
Em busca de uma definição de filosofia
 à Visão de mundo: conjunto de ideias, valores e práticas pelos quais uma sociedade, um povo, ou uma civilização apreende e compreende o mundo e a si mesma, definindo para si o tempo e o espaço, o sagrado e o profano, o bom e o mau, o justo e o injusto;
è Sabedoria de vida: atividade de algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicando-se à contemplação do mundo e dos outros seres humanos para aprender e ensinar os outros a controlar seus desejos, sentimentos e impulsos e a dirigir sua vida de modo ético e sábio;
è Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade: tarefa de conhecer a realidade inteira, provando que o Universo é uma totalidade, algo estruturado ou ordenado por relações de causa e efeito, e que essa totalidade é racional, ou seja, possui sentido e finalidade compreensíveis ao pensamento humano;
à Fundamentação teórica e crítica: Fundamento (“uma base sólida”), teoria (contemplar uma verdade com os olhos do espírito”), crítica (“capacidade de julgar, discernir e decidir corretamente”). Ocupa-se com os princípios, as causas e condições do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro.
Útil? Inútil?

Aula 4 - (2º ano/Filosofia)


Senso moral e consciência moral

 Senso moral: avaliação de nosso comportamento segundo ideias como as de certo e errado; a maneira como avaliamos a conduta e a ação de outras pessoas segundo ideias como as de mérito e grandeza da alma; maneira como avaliamos as condutas alheias segundo as ideias de justiça e injustiça.
 Consciência moral: não se limita aos nossos sentimentos morais, mas se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros.
Ex.: Eutanásia, aborto, aceitação de um emprego desonesto, uma criança que furta por fome, um jovem comprando drogas em frente a uma escola
- O senso moral e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal, ao desejo de felicidade e ao exercício de liberdade.

Juízo de fato e juízo de valor

 Juízos de fato: dizem o que as coisas são, como são e por que são. Ex.: “Está chovendo”
 Juízos de valor: são avaliações sobre coisas, pessoas, situações, experiências, acontecimentos, estados de espírito, sentimentos e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. São normativos, isto é, enunciam normas que dizem como devem ser os bons sentimentos, as boas intenções e as boas ações.

Moral e cultura

-          Natureza: é constituída por estruturas e processos necessários, que existem em si e por si mesmos, independente de nós;
-          Cultura: nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e suas relações com a natureza, acrescentando-lhes sentidos novos, alterando-a por meio do trabalho e da técnica, dando-lhes significados simbólicos e valores